Sobre o Blog

     Como bom geminiano, sempre estive dvidido entre duas opções que raramente se conciliavam. Formado em jornalismo, com especialização em direção de arte publicitária, sentia atração pelas letras e pelas imagens. Criar este blog foi a forma que encontrei de conjugar essas duas paixões e, ao mesmo tempo, compartilhar com todos o que experimento e vejo por onde passo. Nele, sou redator, fotógrafo e, até certo ponto, web designer. 

     O nome do blog me veio com facilidade. Tomei-o emprestado de um poema de Carlos Drummond de Andrade de título idêntico: "O que Alécio vê". Dedicado ao fotógrafo Alécio de Andrade, o poema fala sobre sensibilidade do olhar. Achei esta coincidência mais do que conveniente. Fora o fato de ter o mesmo nome do fotógrafo homenageado por Drummond, os textos e fotos que posto também mostram o mundo por uma perspectiva particular. A escolha, portanto, me pareceu bastante adequada. Não pensei duas vezes.

     Abaixo, posto o poema que deu nome a este blog:

O que Alécio vê
Por Carlos Drummond de Andrade

A voz lhe disse ( uma secreta voz):
- Vai, Alécio, ver.
Vê e reflete o visto, e todos captem
por seu olhar o sentimento das formas
que é o sentimento primeiro - e último - da vida.

E Alécio vai e vê
o natural das coisas e das gentes,
o dia, em sua novidade não sabida,
a inaugurar-se todas as manhãs,
o cão, o parque, o traço da passagem
das pessoas na rua, o idílio
jamais extinto sob as ideologias,
a graça umbilical do nu feminino,
conversas de café, imagens
de que a vida flui como o Sena ou o São Francisco
para depositar-se numa folha
sobre a pedra do cais
ou para sorrir nas telas clássicas de museu
que se sabem contempladas
pela tímida (ou arrogante) desinformação das visitas,
ou ainda
para dispersar-se e concentrar-se
no jogo eterno das crianças.

Ai, as crianças... Para elas,
há um mirante iluminado no olhar de Alécio
e sua objetiva.
(Mas a melhor objetiva não serão os olhos líricos de Alécio?)
Tudo se resume numa fonte
e nas três menininhas peladas que a contemplam,
soberba, risonha, puríssima foto-escultura de Alécio de Andrade,
hino matinal à criação
e a continuação do mundo em esperança.