Acostumar-se à vida em Pequim exige um pouco de paciência, é verdade.
Mas há algumas medidas que podem facilitar bastante essa transição. Abaixo,
faço um pequeno resumo do que pode vir a ser um problema para os ocidentais e
de como, resolver, ao menos provisoriamente, os desafios mais difíceis. Entre esses,
escolhi três que considero os mais presentes no
cotidiano: a alimentação, a comunicação e a locomoção.
A alimentação:
O primeiro deles parece ser aquele que mais amedronta os forasteiros por
aqui. A comida chinesa da China, bem diferente da versão ocidentalizada
que se encontra do lado de fora das fronteiras, nem sempre agrada ao paladar
dos ocidentais. O cardápio às vezes assusta pelos ingredientes, às vezes pelo
tempero, e por aí vai. Não se surpreenda se encontrar feijão ou carne suína em
um doce. Como diz o ditado, gosto não se discute.
A boa notícia é que Pequim é uma cidade bastante cosmopolita e oferece
muitas opções gastronômicas para quem vem de fora. O que não faltam são
restaurantes italianos, mexicanos, americanos e até mesmo brasileiros. É
possível passar uma vida inteira aqui sem nunca precisar comer a comida local.
Outra mão na roda é o Jenny Lou’s – supermercado favorito dos ocidentais
- onde se pode encontrar produtos de todas as categorias, assim como as marcas
mais conhecidas no lado Oeste do globo.
A comunicação:
Este é, sem dúvida alguma, o maior desafio para qualquer estrangeiro na
China. Embora seja possível estudar e aprender a se comunicar em mandarim, pode-se
dizer que esse é um projeto de longo prazo. Pessoas que vivem aqui há mais de
uma década e dominam o linguajar coloquial sem dificuldades ainda passam por um
aperto quando a discussão atinge um nível maior de complexidade.
É possível, no entanto, aprender uma ou outra expressão que podem tornar
a vida bem mais fácil. Um bom exemplo é saber pedir a conta em restaurantes ou
saber dizer “quero isto”, “não quero isto”, “obrigado” etc. São palavras e
expressões básicas que ajudam bastante
Outra dica: quando o chinês com quem você estiver conversando falar um
mínimo de inglês, não complique a vida dele. Fique contente quando o garçom te trouxer uma Coca Light, em vez da Coca Zero
que você pediu. Já está bom demais ele ter trazido um refrigerante com menos
calorias. Frases diretas, sem orações adjetivas intercaladas, são as mais
eficazes. Se quiser água, diga, em inglês, “quero água”. Simples assim. Nada de
“Você poderia me trazer uma garrafa d’água, por favor?”. Quanto mais elaborado
for o seu pedido, maiores são as chances de que haja algum ruído na
comunicação. Nesse ponto, brasileiros, em especial, são mestres em complicar.
Entre outras coisas, adoram pedir alterações no prato como “você pode trazer
batatas fritas, em vez de assadas”. Ir por esse caminho, na China, é pedir para
que algo coisa saia errado.
A locomoção
O problema da locomoção, em Pequim, também passa, em algum momento, pela
comunicação. Embora a cidade conte com muitas linhas de metrô, com o nome das
estações em mandarim e em inglês, nem sempre elas te levarão aonde você quer
chegar. Muitas vezes, será necessário pegar um taxi. Nesse momento, o idioma
surge mais uma vez como uma barreira. Os taxistas chineses, como os
brasileiros, não falam inglês. Pra piorar a situação, os nomes dos lugares onde
se deseja ir nada têm a ver, em mandarim, com sua pronúncia em qualquer língua
ocidental.
Felizmente, desenvolveu-se, em Pequim, um esquema que parece funcionar
bem. Ocidental que se preze, não deixa de pegar o cartão de todos lugares de
que gosta: restaurantes, lojas, museus, shopping centers. Ali vem escrito o
endereço do lugar em mandarim e em inglês. Quando, em outra ocasião, se desejar
voltar ao lugar, basta mostrar o cartão ao motorista do taxi, que ele saberá
para onde ir.
O livrinho mágico
ma medida importantíssima é ter em mãos um guia com endereços para
taxistas. Facilmente encontrados em livrarias e lojas, esses pequenos livros
trazem, em inglês e mandarim, endereços dos principais estabelecimentos de
compras, lazer, turismo, cultura etc. Com um desses no bolso, é possível se chegar
a quase qualquer lugar em Pequim.
Outra atitude que ajuda muito é saber dizer, na língua local,
palavrinhas como “vire à direita”, “vire à esquerda” e “chegamos”. Isso pode te
ajudar a orientar o taxista, quando este não estiver encontrando o endereço.
Ganhando independência
No que diz respeito à locomoção, o que realmente fez a diferença pra mim
foi comprar uma bicicleta. Designado para trabalhar em Pequim por três meses,
já na segunda semana estava cansado de depender de taxistas que nem sempre me
entendiam e que, quando chovia, desapareciam das ruas como que num passe de
mágica. Orientado por Carlos, um amigo que há dois anos vive em Pequim, comprei
uma bicicleta e, desde então, tenho conhecido os principais pontos da cidade,
que tem ciclovias em, praticamente, todas as ruas.
Amigo muito legal seu blog sou fascinado pela cultura chinesa. Vc é diplomata?
ResponderExcluirOi, Pieter. Que bom que você gostou do blog. Fico feliz em saber que estou conseguindo compartilhar com as outras pessoas um pouco do que vivo. Respondendo à sua pergunta: trabalho no Itamaraty, mas como Oficial de Chancelaria. Viajar também faz parte do trabalho. Abraço.
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