sábado, 24 de setembro de 2011

Manual de Sobrevivência para Ocidentais em Pequim

Viver em Pequim não é uma tarefa fácil para as pessoas vindas do Ocidente. A gigantesca diferença de hábitos alimentares, costumes, idioma, entre outras coisas, tornam a vida na capital chinesa um exercício diário de adaptação.




Acostumar-se à vida em Pequim exige um pouco de paciência, é verdade. Mas há algumas medidas que podem facilitar bastante essa transição. Abaixo, faço um pequeno resumo do que pode vir a ser um problema para os ocidentais e de como, resolver, ao menos provisoriamente, os desafios mais difíceis. Entre esses, escolhi três que considero os mais presentes no cotidiano: a alimentação, a comunicação e a locomoção.

A alimentação:

O primeiro deles parece ser aquele que mais amedronta os forasteiros por aqui. A comida chinesa da China, bem diferente da versão ocidentalizada que se encontra do lado de fora das fronteiras, nem sempre agrada ao paladar dos ocidentais. O cardápio às vezes assusta pelos ingredientes, às vezes pelo tempero, e por aí vai. Não se surpreenda se encontrar feijão ou carne suína em um doce. Como diz o ditado, gosto não se discute.

A boa notícia é que Pequim é uma cidade bastante cosmopolita e oferece muitas opções gastronômicas para quem vem de fora. O que não faltam são restaurantes italianos, mexicanos, americanos e até mesmo brasileiros. É possível passar uma vida inteira aqui sem nunca precisar comer a comida local.

Outra mão na roda é o Jenny Lou’s – supermercado favorito dos ocidentais - onde se pode encontrar produtos de todas as categorias, assim como as marcas mais conhecidas no lado Oeste do globo.

A comunicação:

Este é, sem dúvida alguma, o maior desafio para qualquer estrangeiro na China. Embora seja possível estudar e aprender a se comunicar em mandarim, pode-se dizer que esse é um projeto de longo prazo. Pessoas que vivem aqui há mais de uma década e dominam o linguajar coloquial sem dificuldades ainda passam por um aperto quando a discussão atinge um nível maior de complexidade.

É possível, no entanto, aprender uma ou outra expressão que podem tornar a vida bem mais fácil. Um bom exemplo é saber pedir a conta em restaurantes ou saber dizer “quero isto”, “não quero isto”, “obrigado” etc. São palavras e expressões básicas que ajudam bastante

Outra dica: quando o chinês com quem você estiver conversando falar um mínimo de inglês, não complique a vida dele. Fique contente quando o garçom  te trouxer uma Coca Light, em vez da Coca Zero que você pediu. Já está bom demais ele ter trazido um refrigerante com menos calorias. Frases diretas, sem orações adjetivas intercaladas, são as mais eficazes. Se quiser água, diga, em inglês, “quero água”. Simples assim. Nada de “Você poderia me trazer uma garrafa d’água, por favor?”. Quanto mais elaborado for o seu pedido, maiores são as chances de que haja algum ruído na comunicação. Nesse ponto, brasileiros, em especial, são mestres em complicar. Entre outras coisas, adoram pedir alterações no prato como “você pode trazer batatas fritas, em vez de assadas”. Ir por esse caminho, na China, é pedir para que algo coisa saia errado.

A locomoção

O problema da locomoção, em Pequim, também passa, em algum momento, pela comunicação. Embora a cidade conte com muitas linhas de metrô, com o nome das estações em mandarim e em inglês, nem sempre elas te levarão aonde você quer chegar. Muitas vezes, será necessário pegar um taxi. Nesse momento, o idioma surge mais uma vez como uma barreira. Os taxistas chineses, como os brasileiros, não falam inglês. Pra piorar a situação, os nomes dos lugares onde se deseja ir nada têm a ver, em mandarim, com sua pronúncia em qualquer língua ocidental.

Felizmente, desenvolveu-se, em Pequim, um esquema que parece funcionar bem. Ocidental que se preze, não deixa de pegar o cartão de todos lugares de que gosta: restaurantes, lojas, museus, shopping centers. Ali vem escrito o endereço do lugar em mandarim e em inglês. Quando, em outra ocasião, se desejar voltar ao lugar, basta mostrar o cartão ao motorista do taxi, que ele saberá para onde ir.

O livrinho mágico
ma medida importantíssima é ter em mãos um guia com endereços para taxistas. Facilmente encontrados em livrarias e lojas, esses pequenos livros trazem, em inglês e mandarim, endereços dos principais estabelecimentos de compras, lazer, turismo, cultura etc. Com um desses no bolso, é possível se chegar a quase qualquer lugar em Pequim.

Outra atitude que ajuda muito é saber dizer, na língua local, palavrinhas como “vire à direita”, “vire à esquerda” e “chegamos”. Isso pode te ajudar a orientar o taxista, quando este não estiver encontrando o endereço.

Ganhando independência
No que diz respeito à locomoção, o que realmente fez a diferença pra mim foi comprar uma bicicleta. Designado para trabalhar em Pequim por três meses, já na segunda semana estava cansado de depender de taxistas que nem sempre me entendiam e que, quando chovia, desapareciam das ruas como que num passe de mágica. Orientado por Carlos, um amigo que há dois anos vive em Pequim, comprei uma bicicleta e, desde então, tenho conhecido os principais pontos da cidade, que tem ciclovias em, praticamente, todas as ruas.



2 comentários:

  1. Amigo muito legal seu blog sou fascinado pela cultura chinesa. Vc é diplomata?

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  2. Oi, Pieter. Que bom que você gostou do blog. Fico feliz em saber que estou conseguindo compartilhar com as outras pessoas um pouco do que vivo. Respondendo à sua pergunta: trabalho no Itamaraty, mas como Oficial de Chancelaria. Viajar também faz parte do trabalho. Abraço.

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